quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre a Indecisão


Atualmente existe uma quantidade nunca antes vista de produtos à nossa disposição. Dentro dessa enor      me gama de opções podemos incluir uma quantidade descomunal de produtos financeiros, oferecidos por bancos, corretoras e casas de investimento. É claro que poder escolher entre diversos produtos é algo bom, pois, além de permitir que cada um selecione o que melhor se adéqua à sua realidade, isso aumenta a competitividade no mercado e eventualmente leva a opções de maior qualidade (e menor preço). Mas, sob o ponto de vista psicológico, muitas vezes a existência de opções demais deixa as pessoas “paralisadas”: elas não conseguem escolher e acabam adiando suas decisões.  
Esse tipo de comportamento é muito comum quando se trata de finanças pessoais. Na hora de aplicar seu dinheiro, muitas pessoas sentem-se assoberbadas diante de tantos produtos que não entendem bem e acabam pondo o dinheiro na poupança para depois, quando tiverem mais confiança sobre o que decidir, fazerem sua escolha de alocação. O problema é que esse depois às vezes nunca chega, e a oportunidade de receber bons rendimentos é desperdiçada.  
Esse tipo de atitude já foi estudado por psicólogos em diversos experimentos que envolviam a escolha de produtos de consumo. Em um experimento realizado em uma delicatessen gourmet na Califórnia, os psicólogos Mark Lepper e Sheen Sethi montaram um estande de degustação de geleias. Durante metade do tempo, 24 tipos de geleia eram oferecidos, enquanto, na outra metade, apenas 6 sabores eram apresentados. O resultado é muito interessante: apesar de mais fregueses se atraírem pelo estande com 24 sabores, apenas 3% compraram geleia após a degustação. Já no caso do estande com 6 sabores, esse número subiu para 30%. Assim, os psicólogos concluíram que, diante das 24 opções, os clientes ficaram tão indecisos perante tanta variedade que não conseguiram tomar uma decisão. 
Imagine o mesmo princípio aplicado a decisões de investimento, que carregam um peso infinitamente maior. Assim, tão ruim quanto ou pior do que fazer uma escolha errada é não escolher. Por mais desagradável ou intimidante que seja montar seu portfólio de investimentos, adiar indefinidamente essa escolha pode lhe custar muito caro. 


Por Flavia Possas, especialista em Economia Comportamental
http://www.blogsgradual.com.br/espacodela/2010/05/19/sobre-a-indecisao/

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