sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ilusão do Dinheiro

Publicado: 30/09/2009 por Economiquement em "Economia Comportamental."






Economistas Comportamentais propuseram que as pessoas  possuem ilusões em relação ao dinheiro. Eles descobriram que existe um desvio da racionalidade humana em que os indivíduos se envolvem em uma avaliação puramente nominal. Isso pode explicar um vasto leque de importantes fenômenos econômicos e sociais. Esta proposição está em contraste com o pressuposto da racionalidade econômica padrão, que exige que os indivíduos julguem o valor do dinheiro apenas em função do conjunto de bens que ele pode comprar (o seu valor real) e não em função da quantidade real de moeda (que é o seu valor nominal). Intuitivamente, a ilusão de que o dinheiro implica em um aumento de renda é avaliada positivamente pelo cérebro, mesmo quando os preços sobem na mesma proporção (deixando inalterado o poder de compra real).
Os economistas têm sido tradicionalmente céticos sobre a existencia de uma “ilusão do dinheiro”, mas as evidências de comportamento recentes contestaram este ponto de vista. Por exemplo, quando as pessoas são solicitados a classificar a felicidade de 2 pessoas onde uma recebe um aumento salarial de 2% sem inflação e outra um aumento salarial de 5%, com 4% de inflação, a maioria das pessoas atribuem uma maior felicidade com base no maior aumento nominal (aumento de 5% com 4% de inflação), apesar de menores aumentos reais .

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mulheres e seu poder no mercado de consumo.

Por Valerika Ester de Vargas

Ao decorrer da história as mulheres sempre foram tidas apenas como influenciadoras de tomada de decisão, talvez pelo fato de conhecer melhor do que ninguém as necessidades dos membros de suas famílias, e durante esse período quando qualquer mulher subisse na vida e passasse a investir/gastar seu dinheiro com algo mais que  meros sapatos, em um mundo dominado por homens, isso não passaria de um caso isolado de alguém que com muito esforço conseguiu um avanço em sua vida profissional, algo de pouca importância pois não acarretaria grandes mudanças na economia.
Porém este tipo de pensamento perdurou somente até a crise de 2008, quando grandes nomes da economia mundial verificaram que uma das possíveis soluções para uma crise sem precedentes eram as mulheres.
“Em 2009, as mulheres despejaram na economia mundial cerca de 12 trilhões de  dólares – mais do que a soma das economias do celebrado BRIC. No Brasil elas foram responsáveis por gastar – sozinhas – quase 800 bilhões de Reais em produtos e serviços (EXAME, 2010 pág. 18)
E o consumo das mulheres passou de óbvios batons e demais acessórios para produtos de muito maior importância numa economia
Dos quase 12 trilhões de reais destinados ao consumo em 2009 as mulheres responderam por 1,3  trilhão [...] Mulheres já são grande parte dos mercados de carros, educação e saúde. ( EXAME, 2010,pág.23)
Porém diante de um mercado de consumo tão crescente, muitas empresas falham e deixam evidente que não estão preparados, e nem em condições de receber essa nova onda de consumidoras. O exemplo disso pode se referir a  fabricante de computadores americana DELL.
“ A Dell fez o obvio – e o óbvio não funcionou, lançou no mercado uma gama de produtos com cores vibrantes, vendidos por meio de um site batizado de DELLA [...], Sentindo-se tratadas como bonecas Barbie, elas reclamaram” (EXAME, 2010, pág. 27) .
Muitas empresas como essa que erram no momento de identificar quais são realmente os produtos que as mulheres desejam, acabam se saindo mal  de onde queriam tirar proveito, pois elas não querem parecer garotinhas mimadas e riquinhas, com produtos extremamente tendenciosos, elas querem sim produtos que lhes permita serem eficientes, rápidas e práticas, foi justamente o que empresa também americana Apple descobriu, que por intermédios de seus produtos práticos eficientes e praticamente “intuitivos” se tornou uma das marcas mais admiradas pelas mulheres do mundo.
O poder de compra das mulheres e o sucesso de segmentos que se habituam a necessidades das mesmas é o segmento automobilístico.
“ Em 2007 as mulheres superaram a marca dos 50%, comprando 53% de todos os automóveis do Estados Unidos – além disso somos nós que influenciamos 85%da compra de automóveis.”( SHIPMAN, KAY; 2009, pág11)
Foi com base nisso que muitas montadoras de automóveis tiraram vantagem com suas vendas, criando carros de acordo com as necessidades delas. “As mulheres apreciam mudanças práticas como compartimentos para pequenas compras no porta-malas” (SHIPMAN, KAY; 2009 pág.11).

Torna-se então muito importante que empresas cada vez se habituem mais com o gosto de suas novas e poderosas consumidoras, poder este que se tornará cada vez mais evidente na economia.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Casamento ainda é o melhor negócio

Pesquisa revela que a vida a dois enriquece e o divórcio é péssimo para as finanças pessoais

Por Fernanda Galvão


         O Ministério da Fazenda adverte: casar faz bem à saúde financeira. O matrimônio enriquece, ao passo que o divórcio devasta o patrimônio dos cônjuges. Um estudo do professor americano Jay Zagorsky, da Universidade do Estado de Ohio, apresenta um quadro completo sobre como o matrimônio pode beneficiar o bolso do casal. Segundo a pesquisa, o patrimônio de uma pessoa casada aumenta 93% depois da união e diminui 77% com o divórcio. O estudo foi feito com 9.055 pessoas, acompanhadas entre 1985 e 2000, com idades entre 41

e 49 anos na época da conclusão do levantamento. Resultado: um solteiro com renda de US$ 2 mil que não
se casou aumentou sua receita para US$ 11 mil nesse período. Os casados atingiram US$ 43 mil depois de 10 anos. A explicação está baseada em conceitos econômicos antigos: divisão de custos e ganhos de escala na hora de investir. “A união de forças é um trunfo do casal”, diz o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (Editora Gente). “O compartilhamento de despesas e a soma das receitas resulta num volume de dinheiro que garante acesso a aplicações com maior rentabilidade”, fala.

         Família Kenji: R$ 1 milhão em 6 anos 
Segundo a pesquisa americana, o casamento impulsiona a prosperidade material. Mesmo quando não há grandes alterações na vida financeira de uma pessoa casada (como aumento da renda ou despesas extras), sua riqueza total cresce, em média, 4% ao ano, resultado direto de seu estado civil. São números de uma realidade mundial, que pode ser verificada também no Brasil. É o caso do consultor de informática Ricardo Kenji, de 34 anos, casado desde os 28 anos com a especialista em armazenamento de dados Morgana Multini, da mesma idade. Desde o início da relação, Kenji e Morgana decidiram investir, todo mês, mais de 50% da renda. Hoje, o patrimônio do casal – que inclui imóveis, carros e fundos de investimento – soma R$ 1 milhão. “Se estivesse solteiro, mesmo com esforço, teria 30% desse valor”, avalia Kenji.

         O planejamento financeiro é o ingrediente que potencializa os benefícios do casamento, mas só funciona quando há perfeitos entendimento e comunicação entre os pares. “O dinheiro é o reflexo das relações de troca feitas pelo casal”, diz a psicóloga Angélica Tavares, especializada em sexualidade. “Se os parceiros têm uma relação afetiva saudável e equilibrada, a relação com o dinheiro será igualmente boa”. De acordo com Angélica, para que o casal prospere é preciso que a vida seja compartilhada em todos os aspectos. “Hoje, muitos casais apenas levam vidas a dois, não são casados emocionalmente e, por isso, não compartilham o dinheiro e não se aproveitam das vantagens que isso traz”, diz a psicóloga. “Não faz sentido, numa relação conjugal, um parceiro rico e outro pobre, deve haver uma união de forças”. Parece óbvio, mas é apenas sensato. Se a união de forças é crucial para o aumento dos ganhos dos cônjuges, o divórcio é um dos caminhos mais rápidos para a destruição da riqueza comum. Dados da pesquisa americana indicam que o patrimônio do casal começa a diminuir nos quatro anos anteriores ao divórcio. Assinados os papéis, a riqueza de cada um tende a se recompor. “O desequilíbrio tanto emocional quanto de orçamento é temporário, em geral, dura um ano”, diz Angélica. Porém, passado o período conturbado, a vida financeira irá se organizar novamente. E uma nova aliança contribuirá para o início de outro ciclo de bonança.
         Estudo americano mostra como ficam os bolsos

depois do altar: 

4% é o crescimento médio anual da riqueza dos casados
93% é o aumento médio do patrimônio após a união conjugal
77% é quanto diminui a soma dos bens com o divórcio

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O efeito Halo

A existência do  efeito Halo (ou efeito aura) é reconhecida há muito tempo. É o fenômeno pelo qual concluímos que se uma pessoa ou objeto faz bem alguma coisa, ela fará bem todas as outras coisas, e vice-versa. Ele então transfere um sentimento positivo sobre uma característica de um produto ou pessoa  para uma outra característica.Ou seja, é um limiar cognitivo onde a percepção de um sinal (característica de uma pessoa ou objeto)é influenciado pela percepção de outra pista desta pessoa ou objeto. Por exemplo, pode se julgar uma pessoa bem apresentável como sendo mais inteligente.
O efeito halo ocorre especialmente se o julgador não tem informações suficientes sobre todas as pistas, então ele constrói seus modelos mentais baseados em outros traços mais proeminentes.
Os primeiros estudos desta área remontam ao setor militar, onde se pediu que oficiais classificassem seus comandados e verificou-se uma alta correlação cruzada entre os traços positivos e negativos dos soldados. Nós não categorizamos as pessoas de modo gradual. Pelo contrario, nós as classificamos como totalmente boa ou totalmente ruim ao longo de todas as métricas.
No ambiente empresarial, os gestores utilizam o conceito de efeito halo em anúncios, onde o público acaba transferindo os pontos positivos do ator/atriz para o produto anunciado. Também é verificado na indústria automobilística, onde montadoras lançam carros halos, modelos com características especiais, que ajudam a vender outros da mesma série.
Estudos também apontam a presença do efeito halo nos produtos da Apple. O fato de os donos de Ipods aprovarem o produto, conduziu a uma percepção positiva por parte deles em outros produtos da marca.A chance de um dono de Ipod adquirir um Macintosh se eleva.
Da mesma forma, o seu refrigerante de cola preferido pode fazer com que você adquira o refri de laranja, o guaraná, a água mineral, o energético, o suco, o isotônico,...da referida marca.Certo?
Pense também no uso do efeito halo em processos de recrutamento e seleção de pessoal.
Por fim, finalizo aqui com duas indagações:
Numa situação de compra, o efeito halo pode encurtar o processo de tomada de decisão?
Ou, pelo contrario, o efeito halo deve ser minimizado para garantir uma avaliação objetiva de pessoas e produtos?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O Mercado Crescente do Sexo.







Apresentação

Elas não ficam mais à espera da iniciativa dos parceiros para espantar o tédio na vida sexual. Quando a temperatura esfria no relacionamento, as mulheres tratam de ir às compras. Hoje, o público feminino que freqüenta as lojas de sex shop, passou de 10% para cerca de 50% do total em dois anos. A mudança coincide com a abertura de lojas mais freqüentáveis, com um visual menos agressivo. 

Mercado

Hoje o mercado erótico no Brasil está mais receptivo e com uma visão mais aberta em relação aos produtos eróticos. A timidez foi, em parte, deixada de lado e em conseqüência a freqüência de visitas e compras em lojas de SEX SHOP vem aumentando a cada dia.

O negócio do sexo tem se mostrado tão lucrativo que não é raro encontrar pessoas das mais variadas profissões que desistiram de suas atividades convencionais e foram tentar a sorte no setor. Alto estilo e padrão de qualidade no serviço é sinônimo de grande freqüência. De olho no bom retorno, alguns empreendedores não poupam investimentos milionários para se projetar no comércio do sexo. Só se cresce caso as necessidades reais dos clientes sejam satisfeitas.

Montagem da loja

Para a montagem da loja é aconselhável uma decoração não muito agressiva, em tons de claros para a pintura. Os tons escuros tendem a inibir as pessoas a entrarem e a época do preto e vermelho já passou. Os dizeres no luminoso externo deve ter sempre uma conotação sutil, sem que tenha caráter pornográfico ou ofensivo. No interior, plantas e quadros eróticos podem complementar a suavidade sugestiva do ambiente. Um balcão de vidro é necessário para mostrar os produtos menores, como pomadas e cremes. É onde os pacotes serão fechados. Como a maioria dos produtos já vem embalados para fixação suspensa aconselha-se que nas paredes sejam fixadas chapas perfuradas que permitem que os ganchos de metal sejam arrumados sempre que se deseje mudar um pouco a disposição dos produtos. Para expor as lingeries aconselha-se modernos cabides de plástico transparente que possuem formato de corpo de mulher em araras metálicas. 

Uma loja de artigos eróticos geralmente traz baixo risco e retorno financeiro rápido. O empresário deverá ter conhecimento do setor e noções básicas de gestão de estoques, já que uma loja pode ter até 8.000 itens, que vão de livros e revistas a vibradores e bonecas infláveis, passando por cópias variadas de todas - mas todas mesmo - zonas erógenas da anatomia humana. Discrição e facilidade para lidar com pessoas também são importantes. O grande marketing do negócio é ter sempre novidades à disposição dos usuários. Deve-se ficar de olho na concorrência, investir principalmente no bom atendimento, mas sem descuidar da renovação da linha de produtos. A maior parte é importada mas, nem por isso as portas se fecham aos fabricantes nacionais. 
Você deve procurar um bom ponto, com fácil acesso mas que não crie constrangimento aos clientes ao entrar ou sair. De preferência com estacionamento privativo para maior comodidade, ou mesmo ruas próximas onde se possa estacionar discretamente.


Início do negócio

Para iniciar o negócio, é necessário pelo menos um espaço de 30m2. Como é possível observar pelo projeto arquitetônico e necessidades de distribuição dos produtos na loja, o investimento abrange as instalações (balcões, displays, etc.). De máquinas, você precisará de uma linha telefônica e um computador, necessários para entrega em domicílio e vendas pela internet, um aparelho de fax e para uso geral algumas cadeiras e mesas. O segredo é ter sempre novidades, como as cabines individuais em que o cliente usa fichas de R$ 1,00 para assistir filmes eróticos por oito minutos. Uma unidade exigirá pelo menos dois vendedores por turno. Incluem também despesas para abertura de empresa e reserva de segurança, sem considerar despesas com aluguel e ponto comercial. o volume de investimento fixo, portanto vai depender do nível de sofisticação em que você pretende imprimir à sua loja. Existem mobiliários do mais diversos preços, dependendo do material, da qualidade e dos modelos utilizados.

Clientes

O grupo de clientes típico da companhia são homens de classe média, 80% do total vive um relacionamento amoroso constante com um parceiro. Os mais jovens tem 18 anos e até os 20 anos compõe 1,22% dos consumidores. A maior fatia do gráfico de vendas - 27,48% - fica pessoas entre 31 e 41 anos de idade. Setenta por cento dos fregueses são homens e 30% mulheres. O segmento feminino vem crescendo anualmente. Acredita-se que as mulheres são os consumidores do futuro. 


domingo, 11 de julho de 2010

A bola e a grana


A Copa do Mundo sugere que a decadência econômica europeia já pode estar se refletindo dentro de campo


A economia é uma senhora perversa. Sem pedir licença, se mete na vida das pessoas e sociedades, vira tudo de cabeça para baixo e depois nos convida a rir ou chorar. Presidentes são transformados em heróis ou vilões. Potências militares viram pedintes endividados.

Nem mesmo os esportes estão livres de suas estripulias. Por conta da crise econômica no Velho Continente, as receitas não conseguiram acompanhar os aumentos de gastos em nenhuma das cinco ­principais ligas europeias – a Premier League inglesa, La Liga espanhola, a Serie 1 italiana, a Bundesliga alemã e a Ligue 1 francesa –, deixando vários dos times mais badalados do planeta no vermelho na última temporada.
O problema é tão sério que a Uefa impôs regras para limitar salários e custos de transferência de jogadores a partir da temporada 2013-2014. Uma provável consequência será a redução da atração de craques para clubes de lá.
Nesta Copa, Dunga poderia escalar sua equipe – como ele mesmo gosta de enfatizar – apenas com seus oito convocados que jogam na Itália e os quatro que atuam na Espanha. Na equipe de nosso mal-humorado treinador há apenas três jogadores de clubes brasileiros – os 20 restantes jogam na Europa. Aposto que não haverá tantos “estrangeiros” na nossa equipe em 2014.
Até aí, não há surpresas. O surpreendente é que a decadência econômica europeia talvez já esteja se refletindo dentro do campo. Pode ser mera coincidência – e tudo se altere antes da Copa terminar –, mas, ao final da segunda rodada, quando esta coluna foi escrita, nenhum dos cinco países citados acima liderava seu grupo. Aliás, nenhum europeu liderava um grupo em que houvesse um sul-americano.
Enquanto os europeus tropeçavam, os cinco representantes da América do Sul – onde a economia vai muito bem, obrigado – lideravam seus grupos. Até mesmo um país africano que até 2002 nunca havia participado de uma Copa, Gana, estava à frente da tricampeã Alemanha. Falando em tricampeões, quem imaginaria o Paraguai à frente da Itália? O Chile superando a badalada Espanha? O Uruguai liderando seu grupo e a França virtualmente eliminada depois de duas partidas?
Enquanto os sul-americanos estão fazendo a festa, os africanos, à exceção de Gana, têm decepcionado. Faço aqui uma profecia. Apesar dos tropeços na Copa em seu continente, arrisco dizer que os africanos, e até mesmo os asiáticos – que se tornaram o motor da economia mundial ao longo dos últimos dez anos –, vão fazer bonito na Copa no Brasil. Até aqui, a falta de tradição no esporte falou mais forte do que a emergência econômica, mas, a qualquer hora, a balança vai pender para o outro lado.
Não se surpreenda se a China enviar à Copa no Brasil mais do que as insuportáveis vuvuzelas e os torcedores da Coreia do Norte. Neste ano, a Yingli Solar, uma das líderes globais em produção de energia solar, estreou como a primeira empresa chinesa a patrocinar uma Copa do Mundo. Já em 2010, a China está superando os Estados Unidos, tornando-se o país a realizar mais investimentos diretos no Brasil.
É bem possível que empresas chinesas dominem a lista dos patrocinadores da Copa.

Fonte: Revista Isto é, Coluna de Ricardo Amorim ( Economista e apresentador do Manhattan Conecttion)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Livro usa 'nova economia' para explicar crime, casamento e salário do chefe

Em ‘A Lógica da Vida’, a economia explica o que parece irracional.

Custo e benefício estão na base das decisões, argumenta Tim Harford.


Laura Naime Do G1, em São Paulo


A esposa quer que o marido faça uma vasectomia, e ameaça uma "greve de sexo" se isso não acontecer. Já o marido sugere outra barganha: que a esposa ofereça mais sexo caso ele faça a cirurgia. Qual “incentivo” funcionaria melhor? Se você pensa que esse é apenas um problema de psicologia, errou. Tim Harford, autor de “A Lógica da Vida” (Editora Record) usa conceitos da “nova economia” para solucionar questões como esta. 



“A nova economia é uma forma econômica de pensar. É perceber que tomamos as nossas decisões pesando os custos e os benefícios, os riscos e as recompensas, e fazemos isso sem ‘saber’ realmente. Não pensamos economicamente só quando vamos às compras, pensamos dessa forma sobre o amor, vícios, política”, explicou o economista ao G1


“As pessoas estão todo o tempo calculando, às vezes inconscientemente, sobre os efeitos de suas ações. Não estou dizendo que as pessoas são egoístas, ou que elas gostam de dinheiro – não estou dizendo o que elas querem. Mas seja o que for que elas querem, agem de um modo surpreendentemente racional para conseguir”, diz. 

Para o economista britânico, essa nova economia pode explicar coisas tão díspares como por que o seu chefe ganha muito mais do que você mesmo que trabalhe menos, por que um Nobel de economia estaciona em local proibido e por que os adolescentes norte-americanos estão praticando mais sexo oral. 

Segundo Harford, que já trabalhou para o Banco Mundial e deu aulas na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, a explicação vem da famosa relação custo x benefício. 


Transgressão racional
No primeiro capítulo do livro, o economista relata seu espanto ao ver um senhor de cabelos brancos, Gary Becker, ganhador do prêmio Nobel de economia em 1992, estacionar o carro irregularmente em um shopping em Chicago. Becker, ele explica, comparou o ganho de não precisar pagar por uma vaga ao custo do risco de levar uma multa. É o que ele chama de “transgressão racional”. 


A mesma lógica se aplica (com ponderações, evidentemente) à criminalidade. Usando pesquisas realizadas pelo também economista Stephen Levitt – um dos autores do best-seller "Freakonomics" –, Harford aponta que os índices de criminalidade são menores em locais onde as leis e as punições são mais severas.


“Não estou dizendo que tudo o que você precisa saber sobre crime é que prisão funciona. Tem muitos outros fatores. O que eu digo é que uma das coisas que precisam ser levadas em consideração são os cálculos de custo e benefício. Mesmo os criminosos de 15 anos estão muito cientes dos riscos e levam isso em consideração na hora de cometer um crime ou não”, sustenta ele. 

O salário do chefe
A lógica econômica explica porque o seu chefe ganha muito mais do que você – e, pelo menos na sua percepção – trabalha muito menos. É a chamada teoria dos torneios: como é muitas vezes difícil mensurar o trabalho de cada um, e assim oferecer recompensas (aumentos ou promoções) com base em uma medida objetiva, a qualidade do que cada um faz é calculada em relação ao trabalho dos demais. A parte ruim é que há duas formas de ter um desempenho melhor que os demais: trabalhando mais, ou sabotando os colegas. 


Dessa forma, a “recompensa” do chefe não é calculada pelo seu desempenho atual, mas por aquilo que ele fez no passado. Há explicação até para que os “sortudos” ganhem mais: “Quanto mais sorte estiver envolvida, maior a recompensa que o chefe tende a receber. Porque se você sabe que, se trabalhar mais você vai se tornar chefe, então você não precisa de uma grande recompensa. Mas se você sabe que depende mais da sorte, você precisa de uma recompensa muito maior para se esforçar mais”, explica o economista. 

Sexo e o supermercado do casamento
Parece frio definir as relações entre duas pessoas em termos econômicos, mas Harford mostra que essa lógica também tem a sua participação – e ele não está falando da conta-corrente de ninguém. 


No caso dos adolescentes norte-americanos, a explicação dada no livro é simples: o risco de gravidez e de contrair doenças sexualmente transmissíveis faz subir o “custo” da relação regular. Já o sexo oral oferece benefícios semelhantes, a um custo menor. 

Harford faz uma analogia com um hipotético “supermercado do casamento” para mostrar que, quando há um número maior de mulheres do que de homens “disponíveis” para o casamento, as mulheres tendem a “baixar o preço”, isto é, oferecer mais para conseguir os homens disponíveis.

À medida que uma “baixa o preço”, as outras são levadas a fazer o mesmo para não “sobrar na prateleira”. Mas como não há homens suficientes, numericamente o resultado é sempre o mesmo, ou seja, um mesmo número de mulheres acabarão solteiras. 


Mas ele sugere soluções: “Talvez a sua filha possa encontrar um chinês bastante inteligente. Eles têm uma economia em expansão, não têm muitas garotas. Talvez o Brasil possa ampliar o seu comércio com a China nesse sentido”, brinca.


Vasectomia
Sobre o tema "vasectomia" citado no início desta reportagem, em sua coluna no jornal “Financial Times”, Hartford explicou a um leitor: “Não faz diferença (fazer ou não ou o procedimento).
E a explicação: o leitor precisa pensar em como vai fazer para o trato ser cumprido. Ele pode fazer a vasectomia e a esposa, depois disso, se negar a fazer sexo.
“Se sua relação não está boa, então você provavelmente não ficará casado por mais de cinco anos”, ponderou o economista. “Faça a conta de quantas vezes vocês deverão fazer sexo nesse tempo, e peça o pagamento antecipado. E bom, fazendo tanto sexo, de repente vocês até voltem a se gostar."

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gincanas de TV e a Racionalidade

Uma reportagem do Wall Street Journal sobre a racionalidade nas gincanas de TV:

Economistas encontram um precioso objeto de estudo nas gincanas da TV


Por Charles Forelle

The Wall Street Journal


Daryl Johnson, um ator e web designer freelance de 27 anos — "o que signfica que eu não tenho um emprego" — balançava ansiosamente o corpo de um lado para o outro em Deal or No Deal, um programa de TV parecido com o extinto Eu Compro o Seu Televisor, que o SBT transmitiu em meados de 2004.
Depois de várias rodadas decepcionantes, que acabaram com a esperança de Johnson de sair milionário, o apresentador do programa, Howie Mandel, ofereceu US$ 37.000 para ele desistir. Johnson ainda tinha uma chance remota de ganhar uma mala contendo US$ 200.000. Por isso ele recusou os US$ 37.000.
Mais tarde, com apenas uma chance entre três de embolsar os US$ 200.000, Johnson recebeu uma nova oferta para desistir: US$ 67.000. Ele esfregou as mãos. Agitado, bateu os dedos sobre o peito. Depois balançou a cabeça indicando que, ainda assim, não desistiria."Você é corajoso", disse Mandel.
Para Thierry Post, professor de finanças da Universidade Erasmus, em Roterdã, na Holanda, Johnson também é uma cobaia valiosa para pesquisas econômicas. "Seu apetite por riscos é realmente anormal", diz o professor. Mais precisamente, calcula Post, Johnson mostrou uma "aversão a riscos relativos" de 0,006 — o que denota uma atitude atípica de indiferença quase absoluta a risco financeiro.
Post integra um pequeno grupo de economistas que estuda game-shows da TV numa variação da Teoria dos Jogos, buscando explicar as escolhas dos participantes e as indicações que elas podem dar sobre o comportamento econômico das pessoas no dia-a-dia.Num estudo de 2002, dois economistas calcularam o "equilíbrio único perfeito de Nash do subjogo" — grosso modo, a melhor maneira de se jogar — em um dos segmentos do programa The Price Is Right, um jogo que premia os candidatos que melhor advinharem os preços de produtos. Eles descobriram que os jogadores freqüentemente fogem dessa maneira, agindo com muito conservadorismo quando se preocupavam em ser eliminados.
Outros programas, como Who Wants to Be a Millionaire (o Show do Milhão), também são estudados. Mas Deal or No Deal tem gerado um entusiasmo especial, em parte por não envolver nenhum tipo de habilidade. Isso reduz as variáveis ao comparar os participantes.
"Não há dúvida de que essas são pessoas verdadeiras que fazem escolhas verdadeiras em grandes apostas, e raramente temos a oportunidade de observar decisões tão puras", diz Richard Thaler, um dos principais economistas comportamentais da Graduate School of Business da Universidade de Chicago, nos EUA.
Os economistas não os únicos cativados por Deal or No Deal, que foi criado na Holanda em 2002 pela produtora Endemol e é veiculado hoje em 38 países. No Brasil, o SBT está sendo processado pela Endemol Globo SA, uma joint venture formada pela empresa holandesa e a TV Globo em agosto de 2001. O processo foi aberto em julho de 2004 e acusa a emissora do Sílvio Santos de plagiar o formato do programa original em Eu Compro o Seu Televisor.

Post está estudando o programa para ver se o jogo pode ajudar a explicar por que as pessoas tomam decisões econômicas irracionais e arriscadas. Junto com seus colegas, ele já gravou dezenas de episódios. Eles fizeram trocas online com colecionadores de programas de TV de todo o mundo e até contrataram uma equipe de estudantes turcos para traduzir o conteúdo da versão turca do programa.
Entender como o risco afeta o comportamento financeiro pode ter impacto em grandes decisões como em quais ativos se deve investir e quanto governos devem gastar em redes de proteção social. Mas dados reais são raros.
O formato de Deal or No Deal funciona assim: 26 modelos seguram 26 malas — cada uma com uma quantidade diferente de dinheiro variando de US$ 0,01 a US$ 1 milhão, na versão americana. O participante escolhe uma mala para ser sua, e depois passa a abrir as outras 25. Cada vez que abre uma mala, ele pode descobrir um pouco mais sobre o quanto a sua mala pode conter, pelo processo de eliminação. O jogador também pode trocar a sua mala por uma das outras que ainda não foram abertas.
O suspense aumenta — assim como a chance de o jogador ganhar bastante dinheiro — à medida que os valores são eliminados e as malas com US$ 1 milhão e US$ 500.000 ainda não foram abertas. Periodicamente, um "banqueiro" agourento aparece e faz uma proposta de negócio ao participante. A oferta é: pare de jogar agora e leve o dinheiro oferecido.

sábado, 3 de julho de 2010

O que é um sistema?

William Yonenaga


Freqüentemente utilizamos a palavra sistema, como, por exemplo, sistema financeiro, sistema de transporte, sistema educacional,.etc. Mas, na realidade, o que devemos entender deste termo?
            Um sistema é uma entidade que mantém a sua existência e funciona como um todo por meio da interação entre as suas partes. Ele é formado de diversas partes agindo como uma única entidade. Pode ser composto de muitos sistemas menores ou fazer parte de um sistema mais amplo.
            O exemplo clássico que representa um sistema é o corpo humano. Ele é composto por diversos subsistemas(circulatório, digestivo, nervoso, motor,..), sendo que todos estes subsistemas trabalham juntos no macrossistema corpo humano. Da mesma forma, um automóvel pode ser considerado um sistema mecânico formado por diversas peças; uma universidade pode ser analisada como um sistema composto por departamentos, cursos, alunos, professores, etc. Deste modo, em um sistema, as partes devem ser arranjadas de um modo específico, para que ele atinja seus objetivos. Caso ele seja desmontado,  o conjunto perderá tais propriedades.
 Por outro lado o que não constitui um sistema? Basicamente, se você puder retirar um componente de algo, sem afetar a sua funcionalidade e seus relacionamentos, então você tem somente uma coleção, não um sistema. Por exemplo, uma porção de maçãs não constitui um sistema.
Sistemas Simples e Complexos
As coisas podem ser complicadas de duas maneiras diferentes. Há a complexidade de detalhes em que o enfoque é pautado na quantidade de elementos que se combinam. Um quebra-cabeça de 5000 peças ou um cubo mágico se encaixam nesta categoria. Ou seja, cada peça se encaixa em apenas um lugar.
            Já a complexidade Dinâmica, os elementos podem se relacionar uns com os outros de diversas maneiras, porque cada parte tem variados estados, de modo que algumas partes podem ser combinadas de muitas maneiras diferentes. É enganoso julgar a complexidade pelo número de partes separadas e não pelas possíveis maneiras de juntá-las. O que conta são as diversas conexões que as partes podem manter. Pense num ambiente de trabalho, onde temos que conviver com diferentes pessoas, que possuem distintas personalidades. Este cenário sim apresenta uma complexidade dinâmica.
O recado deste post é que freqüentemente não somos educados para ter uma conduta sistêmica no nosso dia a dia. Tendemos sim a fragmentar os problemas e analisá-los de forma cartesiana.  Questões ambientais,  gerenciamento de uma organização, fazer um curso de graduação verificando as relações entre as disciplinas merecem sim um enfoque sistêmico para se obter resultados altamente positivos.