domingo, 24 de outubro de 2010

Insaciável?

Janaina Marques 

Por que você trabalha? Por que você tem uma poupança? Por que você aplica o seu dinheiro num fundo de investimentos? Por que você estuda? Por que você acorda aos sábados de manhã para fazer aquela especialização? Por que você gasta uma bela quantia aprendendo outras línguas?
Todos esses são os mecanismos para “crescer na vida”, os indivíduos optam por esses vários caminhos, porém com um só objetivo: aumentar a renda. Se você já tivesse a renda que almeja, acordaria num sábado de manhã para fazer uma especialização ou para ir à praia beber com os amigos?
Agora imagine se toda a população fosse muito rica, todos tivessem a renda que sempre almejaram, será que a economia seria tão dinâmica? Será que os fundos de investimento, cadernetas de poupança estariam a todo vapor?
Nós sempre escutamos que “quanto mais se tem, mais se quer”, será que essa afirmativa é tão infinita assim como parece ser? Será que a vontade de ter dinheiro, a vontade de comprar coisas é sem limites?
Se você fosse um bilionário, só por isso compraria carros infinitamente? Sempre teria vontade consumir cada vez mais e mais? Não, isso com certeza perderia a graça pra você. Com certeza estaria satisfeito por ter um modelo de cada carro que sempre sonhou, a sua saciedade em consumir exageradamente chegaria a um ponto máximo, aquele momento em que você já realizou todos os seus “sonhos de consumo”.
Analisando o contexto exposto, pode-se afirmar que o que faz a locomotiva chamada “economia” a pedir mais lenha pra correr mais sobre os trilhos é o fato de esmagadora maioria dos indivíduos não ter a renda que almejam, por isso trabalham, inventam, se especializam e sentem desejo de consumir, um desejo que parece ser infinito, pois na realidade a possibilidade de ser rico ao ponto de satisfazer todos os desejos é impossível.
O sentimento de ter sempre algo ainda pra conquistar faz com que continuamos na corrida, o gato só para de correr quando consegue abocanhar o rato. Pouquíssimas pessoas na vida conseguem encontrar o rato, e pela maioria continuar correndo que faz o mundo e a economia, por conseguinte, não pararem.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mercado colorido.



A primeira regra da moda é a combinação entre camiseta, calça, tênis e acessórios. Será mesmo? As roupas, óculos e relógios coloridos, cada um em um tom diferente, foram aparecendo timidamente e agora já estão fazendo a cabeça dos jovens em Londrina. São tons fortes e vibrantes, que fazem com que o visual fique mais alegre e personalizado. 



Assim como no passado, a música continua a interferir no modo de vestir dos jovens. Antigamente, usar preto simbolizava estar em sintonia com o rock. Hoje, a influência vem das novas bandas de hardocore melódico ou happy rock como Cine, Restart e Hori. 

É possível identificar andando pelas ruas, por exemplo, o tipo de música que a pessoa gosta a partir do modo como se veste. A estudante Thais Amanda, de 14 anos, admite que passou a usar peças coloridas por influência de uma banda. ''Uso essas roupas porque me identifico com o grupo Restart e nos vestimos assim para demonstrar felicidade, ao contrário da moda 'emo' anterior''. Ela compra em lojas como a Basic, Antivírus e explica que é possível encontrar esses itens em vários lugares. ''Todo mundo está usando e tenho muitos acessórios como óculos,relógios''. 

Henrique Zanoni, de 13 anos, também comprou sua calça colorida. ''Comecei a usar essas roupas há cinco meses e quando vou com meus amigos no shopping, combinamos para cada um ir com uma cor.'' Ele afirma que no início, vestia as roupas por influência das bandas ''coloridas'' e dos amigos. ''Eu gostava bastante do som do Restart, mas já não escuto mais. Acho interessante esse novo estilo e penso que essa moda vai durar mais alguns anos''. 

A gerente da loja Basic, Élida Campos, afirma que as peças começaram a ser comercializadas no início do inverno e são muito procuradas. ''Vendemos muito para crianças de 7 a 16 anos. Tem pessoas mais velhas que compram também, mas os maiores compradores são os adolescentes''. Azul, vermelho, laranja são algumas das opções de calça, que custam R$ 118. Já as jaquetas nos mesmos tons, custam R$ 128. 

Em lojas de departamentos como Renner e Riachuelo, camisetas coloridas com estampas custam a partir de R$ 17 e calças verde limão e rosa choque podem ser adquiridas por R$ 59. 

O ideal é que as roupas demonstrem o estado de espírito e não há mais perigo de errar no look, já que dentro de um estilo próprio, o adolescente pode até mesmo usar um sapato de cada cor. Fábio Montenegro, subgerente da loja Authentic Feet, enfatiza que sempre recebe mercadorias em tons vibrantes. ''São tênis nos modelos delta, dunk, com cano alto e até com cano curto. Está vendendo bastante do ano passado pra cá, principalmente para a molecada de 12 a 20 anos''. 

Chamar a atenção é inevitável e, na verdade, esse é um dos atrativos do estilo. Bianca Gabriela tem 14 anos e desde o começo do ano opta por peças em tons fortes. ''É alegre, diferente. Começamos a usar roupas coloridas porque está na moda, mas agora eu uso porque me identifico e chama a atenção. E todos nossos amigos usam, a escola fica toda colorida''. Ela complementa que a moda é denominada ''emo color'', e, em oposição ao monocromático estilo ''emo'', esse visual ''é só alegria''. 

Marca investe no novo estilo 

Seguindo a moda dos tons alegres, a marca de óculos Ray Ban investiu na variedade de cores de um de seus modelos, o Wayfarer, que já existe desde 1952. O modelo, com lentes quadradas e pontinhas puxadas para cima, pode ter uma única cor, ser bicolor ou até estampado, e já virou febre entre os adolescentes. 

As novas cores que prometem ser mania no próximo verão são roxo, rosa, verde oliva, cinza, laranja e o preto. O acessório, com uso recomendado para o ano inteiro, protege os olhos contra os raios solares, principalmente contra os ultravioletas. 

Por isso, aqueles que buscam por itens ''genéricos'' e mais baratos em lojas e camelôs, devem estar atentos aos riscos da exposição dos olhos ao sol, que pode resultar até em cegueira. O valor do Wayfarer original, com proteção, gira em torno de R$ 600 a R$ 900.

Maria Luisa Hoffmann - Especial para Folha

domingo, 17 de outubro de 2010

O sexo satisfaz?

O frenesi da propaganda atrelada à conotação sexual sempre existiu entre nós. Mensagens subliminares de sexo, mulheres seminuas com seios anormalmente grandes e barrigas perfeitas, homens sedutores com corpos devidamente esculturais e olhares penetrantes.
Isso sempre chamou a atenção de todos nós, é nos depararmos com outdoors, vitrines dessa espécie e nossas cabeças já ficam em direção contrária ao movimento do nosso corpo, por isso o mundo da publicidade sempre encarou o sexo como algo que realmente chamassem atenção para as marcas. Mas será que isso é verdade?
Quando vemos uma publicidade com sexualidade explícita prestamos atenção no quesito sexual ou na marca? Você, homem, na propaganda de cerveja repleta de mulheres seminuas, você presta atenção na cerveja ou nas mulheres? Aquela propaganda de cerveja que um anão aparece acompanhado de uma linda mulher com traços nipônicos, você se lembra da marca da cerveja ou apenas da exuberante moça?
Não é necessário dar as respostas, isso mostra que nem sempre a propaganda com caráter sexual é eficiente, ela chama atenção, mas não para o que interessa: a marca.
Só sabemos isso hoje graças aos estudos do neuromarketing, ele provou em suas pesquisas que o sexo aguça nossos instintos, mas não nos faz lembrar da marca a qual ele carrega em sua imagem. 

Janaina Marques

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dinheiro traz felicidade?

Objeto de estudo dos economistas comportamentais, tal questão sempre foi levantada pela humanidade. Neste sentido, dois pesquisadores precificaram a felicidade em 75 000 dólares por ano. Segundo os autores da pesquisa, o efeito positivo do dinheiro no bem estar não é ilimitado. Acima deste valor, o aumento da renda não contribui mais de forma significativa para a elevação do nível de felicidade. Na realidade, a riqueza aumenta a felicidade ao transpor as pessoas da pobreza para a classe média. Além disso, para ganhar mais, as pessoas se submetem a situações estressantes e dedicam menos tempo às atividades que lhes dão prazer. Esta análise corrobora outro estudo que aponta que uma vida mais sociável produz uma sensação de bem estar superior a obtida por um aumento salarial.
Em uma abordagem alternativa para este mesmo tema, psicólogos, neurocientistas e economistas relatam que a priori o dinheiro traz felicidade sim. Porém, nós não identificamos bem quais são os gastos que realmente conduzem ao contentamento que esperamos. Na realidade, gastos exorbitantes não  resultam em felicidade no logo prazo.Então, investir  seu dinheiro em uma refeição especial, uma viagem ou um curso de idiomas seria  mais eficiente do que gastá-lo na compra de um sapato, por exemplo.  Ou seja, devemos optar por experiências, pequenos prazeres e atividades que nos ajudam a estabelecer relações sociais  ao Ives de adquirir objetos. Reforçando tal afirmativa, estudos mostram que ações ligadas a entretenimento, esportes e artes, aumentam a interação social e catalisam o sentimento de felicidade.
Por fim, recomenda-se dividir sua bolada de dinheiro mensal em diversas experiências cotidianas que levem a felicidade, e não apostar todos os recursos em uma so atividade.


domingo, 3 de outubro de 2010

Eleições: e se as pesquisas estiverem equivocadas?

Por Janaina Marques

Por que você vai a uma festa? Por que você deixa de consumir aquele sabão em pó? Por que você correu no banco sacar todo o seu dinheiro?
Muitas das decisões que tomamos todos os dias compactuam com as ideias de outras pessoas. Nem tudo o que fazemos foi decidido individualmente, sem influência externa, se você vai a uma festa naturalmente é porque outras pessoas disseram que iam também e uma terceira falou que a festa vai “bombar” muito, você não iria a essa festa se estivesse só você lá. Com certeza você deixou de comprar aquele sabão em pó porque duas ou três vizinhas disseram que ele estava amarelando suas roupas brancas, sendo que na verdade elas quem não estavam colocando cândida pra deixar a roupa branca como leite. Algumas pessoas te disseram que o banco o qual você tem todo o seu dinheiro anda mal das pernas, você com medo de ele quebrar corre sacar seu dinheiro.
Você imaginou se não só você, mas muitas outras pessoas tivessem o mesmo comportamento em relação às situações expostas? A festa lotaria, o sabão em pó “x” sairia do mercado, o banco “y” realmente quebraria com tamanha quantidade de saques.
Agora, tratando-se do tema desse texto: e se as pesquisas montaram esse cenário de “pódio” de votos dos candidatos? Talvez na realidade a Dilma poderia não estar em primeiro lugar, mas nas pesquisas ela está, aproveitando a ignorância política de expressiva parte da população, esses iriam correndo votar em quem está ganhando, não é? O termo ignorância política nesse caso fica meio vago, seria imaturidade política.
Perceba uma criança, ela gosta de perder? Não! Quando perde se sente altamente frustrada e por ser criança, imatura, não sabe lidar com essa frustração.
Então, analisando nessa ótica, será que por as pesquisas mostrarem a ordem dos candidatos não influenciou para que algumas pessoas votassem em quem está em primeiro? Eu acredito que sim pelo simples fato de que me perguntaram por que votaria no meu candidato sendo que ele está perdendo.
Com a imaturidade política do brasileiro, as pesquisas influenciam muito em sua decisão, o medo de sentir a frustração por não ter ganhado seria tão marcante e difícil de lidar que é melhor votar em quem “está” ganhando para contar vantagem depois, é disso que o brasileiro gosta né?
Daí vem outra questão que caminha junto com a imaturidade, a miopia temporal. E lá na frente, quando esse político começar a “pisar na bola”, não sentirá frustração? Não, fará de conta que nem votou no sujeito, fará vistas grossas e tudo bem.
As eleições no Brasil se dão pelo efeito manada, pelo “maria vai com as outras”. A instrução é que cada um utilize de suas crenças e faça uma prece para que quem for eleito não pise na bola, mesmo que isso lá na frente não for fazer diferença pra você.







sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Logomarcas estão com tudo?

Por Janaina Marques

Você já percebeu com quantas propagandas televisivas, outdoors se depara todos os dias? Andamos pelas ruas e vemos várias fachadas, umas querendo chamar mais a nossa atenção que as outras.
Será que essas propagandas, esses outdoors, essas fachadas com suas logomarcas realmente funcionam? Você lembra de se deparar com várias delas todos os dias, mas você consegue se lembrar de alguma especificamente? Quanto a mim, não.
É muito difícil para quem cria a propaganda, os outdoors, as logomarcas, prever o comportamento de quem consome, às vezes cria-se uma expectativa de reação a determinado “apelo” e vai tudo por água a baixo.
Afirma Martin Lindstrom em sua obra “A Lógica do Consumo”, que a ideia que as empresas sempre tiveram que a logomarca é tudo, na verdade, ela é quase nada. Martin Lindstrom fez “enes” experimentos quanto a reação das pessoas a propagandas, ele percebeu que na verdade o que faz com que as pessoas realmente se lembrem dos produtos não são suas logomarcas e sim à imagem, situação, ritual, superstição aos quais a marca do produto está relacionada. Martin Lindstrom exemplifica com as marcas Marlboro, Corona, Oreo, Kit Kat.
A marca de cigarros Marlboro, desde o principio, atrelou sua marca à imagens de cowboys, de faroeste, de poder e também à cor vermelha, hoje com a proibição da propaganda nos lembramos facilmente do Marlboro quando temos essas três imagens reunidas.
Quanto à cerveja Corona criou-se um ritual ao seu consumo. Algum barman em alguma noite resolveu colocar uma fatia de limão no gargalo da cerveja Corona, as pessoas experimentaram e gostaram e isso tornou-se viral, o ritual se enraigou tanto à marca que fez com que o consumo dessa cerveja crescesse muito ao ponto de superar o consumo de Heineken nos Estados Unidos.
Os biscoitos Oreo também têm um ritual atrelado a sua marca, nos Estados Unidos é quase impossível ver alguém comendo Oreo sem afogá-la em um copo de leite frio. Isso faz com que as pessoas criem relação da marca a um ritual, os consumidores quando veem uma bolacha sendo afundada em um copo de leite com certeza lembram da Oreo.
A história do chocolate Kit Kat da Nestlé é mais interessante ainda, fez um grande sucesso no Oriente, o nome é parecido com “Kitto-Katsu” que significa “ganhar na certa”, assim relata no livro de Martin Lindstrom que antes das provas os alunos comiam um Kit Kat para dar sorte e tirar uma boa nota. Essa superstição fez com que o sucesso de Kit Kat no extremo oriente fosse certeiro.
Com todos esses relatos no livro de Lindstrom mostra-nos que está passando da hora das marcas inovarem a sua publicidade, com certeza rituais e superstições são muito mais presentes em nossas vidas do que meras imagens de logomarcas modernas e chamativas.