segunda-feira, 31 de maio de 2010

Escolhas

Racionalidade pode ser definida como a capacidade das pessoas em fazer a melhor escolha dentro de um conjunto de possibilidades existentes. Parece simples, mas por que será que nem sempre conseguimos fazer a melhor escolha. Muitas explicações podem ser dadas, mas vou me ater a explicação relacionada a distorção de percepção. Boa parte das nossas escolhas são feitas de forma deliberativa, passam por um critério de analise de custo-benefício antes da definição da ação a ser seguida. Entretanto em algumas situações nossa capacidade de perceber informações externas sofre distorções que vão influenciar de forma direta a capacidade de ponderar as opções existentes. Dentre as distorções mais interessantes gosto de destacar a miopia intertemporal, situação na qual uma pessoa atribui um valor desproporcional ao custo/beneficio no momento presente sem levar muito em consideração o impacto das suas escolhas no longo prazo. Um bom exemplo deste fenômeno é o adolescente que começa a beber muito cedo em busca de um prazer efêmero, mas que não consegue observar os impactos para sua saúde ao longo da vida adulta. Para outras informações sobre o assunto recomendo a leitura do livro “ O valor do Amanhã” do Prof. Eduardo Giannetti da Fonseca.



sexta-feira, 28 de maio de 2010

Marketing Viral: O Potencial de um Flash Mob


Imagine você saindo de uma loja no centro da cidade após realizar compras, e logo na saída da porta você se deparar com um zumbi gemendo com os braços esticados na sua direção, você se assusta e sai pro lado, mas é surpreendido por mais outro zumbi, você fica mais confuso e então tenta se afastar mais ainda só que pra todos os lados que você olha mais zumbis gemem com os braços esticados, essa cena até parece um filme de terror, mas vem se tornando cada vez mais popular no mundo e se chama de Zombie Walk é um dos mods mais populares deFlashmods que ocorrem no mundo.
Vamos esclarecer o que é um Flashmob?

São encontros de pessoas que previamente se combinam para realizar determinada ação num local público logo depois se dispersam tão rapidamente como se reuniram.
Hoje os Flashmobs tomaram proporções gigantescas, graças à tecnologia, a capacidade de repassar o Flashmob a possíveis participantes aumenta. Podem ser organizadas por e-mail, por redes sociais ou até mesmo por SMS repassado, por MSN e até mesmo por Twitter!
Eles vêm se tornando comuns em muitas empresas, eu há algum tempo atrás presenciei um avião riscar Oi nos céus de Porto Alegre, toda criançada nas ruas gritavam Oi. Imaginem essa criançada gritando para os pais em casa “Pai, pai… mãe, um avião escreveu oi no céu!”
Todas as pessoas que eu vi paravam o que estavam fazendo só para olhar um simples Oi nos céus! Logo depois alguns minutos como um Flashmob a fumaça se dispersou, mas a lembrança e a presença de marca nas cabeças das pessoas não se apagaram durante semanas, ouvia muita gente comentando do Oi nos céus quando viam ou ouviam propagandas ou quando alguém comentava que a sua operadora era a Oi.
Outro exemplo recente é o Flashmob ocorrido no dia 10 de setembro organizada pelo grupo Black Eyed Peas no aniversário de passagem da 24ª temporada do programa de Oprah Winfrey na TV em Chicago nos EUA.
Uma multidão de mais de 21 mil pessoas em sincronia executaram uma coreografia que deixou a Oprah surpresa e de boca aberta, pois ela não sabia de nada.
Muitas pessoas gravaram a Flashmob que em instantes estava espalhada pela web e em poucas horas se espalhou como um vírus. Nesse caso essa ela se tornou viral. O sucesso foi tanto que devolveu ao topo a musica I Gotta Feeling no site da Billboard.


Happening

É um evento onde pessoas em determinado momento de alguma apresentação passam a fazer parte do contexto da apresentação agregando elementos que ajudam a contar a história, alguns passam a se tornar vilão outros heróis, alguns fazem sons em grupos programados durante a apresentação dando um efeito incrível.


Fonte: http://www.ikaro.net/br/2009/12/potencial-flashmob.html




quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre a Indecisão


Atualmente existe uma quantidade nunca antes vista de produtos à nossa disposição. Dentro dessa enor      me gama de opções podemos incluir uma quantidade descomunal de produtos financeiros, oferecidos por bancos, corretoras e casas de investimento. É claro que poder escolher entre diversos produtos é algo bom, pois, além de permitir que cada um selecione o que melhor se adéqua à sua realidade, isso aumenta a competitividade no mercado e eventualmente leva a opções de maior qualidade (e menor preço). Mas, sob o ponto de vista psicológico, muitas vezes a existência de opções demais deixa as pessoas “paralisadas”: elas não conseguem escolher e acabam adiando suas decisões.  
Esse tipo de comportamento é muito comum quando se trata de finanças pessoais. Na hora de aplicar seu dinheiro, muitas pessoas sentem-se assoberbadas diante de tantos produtos que não entendem bem e acabam pondo o dinheiro na poupança para depois, quando tiverem mais confiança sobre o que decidir, fazerem sua escolha de alocação. O problema é que esse depois às vezes nunca chega, e a oportunidade de receber bons rendimentos é desperdiçada.  
Esse tipo de atitude já foi estudado por psicólogos em diversos experimentos que envolviam a escolha de produtos de consumo. Em um experimento realizado em uma delicatessen gourmet na Califórnia, os psicólogos Mark Lepper e Sheen Sethi montaram um estande de degustação de geleias. Durante metade do tempo, 24 tipos de geleia eram oferecidos, enquanto, na outra metade, apenas 6 sabores eram apresentados. O resultado é muito interessante: apesar de mais fregueses se atraírem pelo estande com 24 sabores, apenas 3% compraram geleia após a degustação. Já no caso do estande com 6 sabores, esse número subiu para 30%. Assim, os psicólogos concluíram que, diante das 24 opções, os clientes ficaram tão indecisos perante tanta variedade que não conseguiram tomar uma decisão. 
Imagine o mesmo princípio aplicado a decisões de investimento, que carregam um peso infinitamente maior. Assim, tão ruim quanto ou pior do que fazer uma escolha errada é não escolher. Por mais desagradável ou intimidante que seja montar seu portfólio de investimentos, adiar indefinidamente essa escolha pode lhe custar muito caro. 


Por Flavia Possas, especialista em Economia Comportamental
http://www.blogsgradual.com.br/espacodela/2010/05/19/sobre-a-indecisao/

domingo, 23 de maio de 2010

Que preço de venda de casa anunciar?

  Do sempre fértil terreno da psicologia e economia comportamental nasce esta dica: quando anunciar o preço de venda da sua casa, arredonde-o às centenas ou às dezenas e não aos milhares. Exemplo: T2, ótimo estado, 211.850 Euros e não T2, ótimo estado, 212.000 Euros.
  Arredondar às centenas ou às dezenas estabelece à partida uma base de negociação mais alta por um efeito sobre um fenômeno da percepção chamado de ancoragem. A ancoragem é a nossa tendência para nos ligarmos a um ponto de referência inicial – mesmo na presença de informação adicional posterior – e esta precisão inicial dos preços induz o negociador a utilizar decrementos menores na negociação.
   Os professores de marketing Chris Janiszewski e Dan Uy fizeram uma experiência do tipo “Preço Certo”. Num dos casos, os participantes tinham de adivinhar o preço de custo de uma televisão para o retalhista com base no preço de venda ao público praticado. A alguns participantes foi-lhes dito que o preço de venda a retalho era 4988 dólares, outros 5000 dólares e aos restantes 5012 dólares. O grupo que pensava que o retalhista estava a ter o maior lucro foi o dos 5000 dólares, ou seja, os participantes utilizaram decrementos maiores nas suas estimativas a partir da âncora inicial.

  Obviamente que isto não parece ser novidade nenhuma para todos os negociantes que conhecemos e cujos preços são invariavelmente qualquer coisa mais 9,99 euros…mas porque não usar a técnica nos nosso negócios particulares sobretudo quando sabemos que depois da venda “apalavrada” chega a hora de regatear?


Fonte: Economia e finanças, Todo Economista é um leigo, e todo leigo é Economista
http://economiafinancas.com/tag/economiacomportamental/

sábado, 22 de maio de 2010

Neurologia das compras.

Cientistas espreitam para o cérebro de quem faz compras”
   O que se passa no nosso cérebro quando decidimos comprar algo? É uma luta entre áreas relacionadas com o prazer das recompensas e com a dor por termos de pagar pelo objeto do nosso desejo. Concluíram cientistas que espreitaram para dentro do cérebro de voluntários que participaram de uma simulação de compras.
    A equipe de Brian Knudson, da Universidade de Stanford (EUA), usou exames de ressonância magnética funcional, que permitem ver alterações no fluxo sanguíneo no cérebro, enquanto as pessoas estão a realizar determinadas ações. No caso, os voluntários tinham de tomar decisões rápidas, quando confrontados com uma série de produtos e respectivos preços, que poderiam escolher comprar ou não.
   A equipe relata num artigo na revista Neuron que conseguia prever se um indivíduo ia comprar ou não um produto, olhando para o padrão de atividade cerebral revelado pelo exame.
  Os cientistas concluem assim que "as decisões de comprar podem envolver distintas dimensões, relacionadas com a antecipação de ganhos e perdas". O seu trabalho, dizem, "tem implicações para compreender anomalias comportamentais, como a tendência para gastar de mais ou de menos, sobretudo se é usado o cartão de crédito.". "A natureza abstrata do cartão de crédito, juntamente com o fato de só se pagar mais tarde, pode anestesiar os consumidores contra a dor de pagar", escrevem.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Estilos de Aprendizagem




            No ambiente acadêmico, provavelmente você já presenciou situações em que um aluno tem mais dificuldade em assimilar o conteúdo transmitido pelo docente. Isto ocorre porque cada pessoa percebe e processa as informações recebidas de modos distintos. Justamente, a maneira particular que cada indivíduo recebe e processa as informações constitui os estilos de aprendizagem. Felder-Silverman(1988) definem estilos de aprendizagem como a forma como o indivíduo interage com o mundo para desenvolver a capacidade cognitiva. Os principais estudos sobre este tema versam sobre a interação professor-aluno. Já há técnicas para mapear o estilo de aprendizagem individual Estudos revelam que, caso o estilo de aprendizagem do professor seja muito incongruente com os dos alunos, a qualidade da aprendizagem pode ser prejudicada. No âmbito organizacional, estudos têm sido feitos com o objetivo de associar um determinado estilo de aprendizagem com um cargo ou função.
            Deste modo, o mapeamento do estilo de aprendizagem serve como guia para o condutor do aprendizado, pois, ao se conhecer os estilos predominantes em seus alunos, ele pode desenvolver atividades que se aderem aos mesmos. Além disso, cada indivíduo pode aprimorar suas habilidades deficitárias. Cabe ressaltar que não existe uma maneira certa de aprender.
            Uma das formas de se classificar os estilos de aprendizagem foi desenvolvida por Felder e Silverman. Neste modelo, eles apresentam quatro dimensões que se desdobram em dois extremos.As dimensões apontadas pelos autores são:
•Percepção da informação: Sensorial/Intuitivo.
Os aprendizes sensoriais gostam de fatos, dados e experimentações. Preferem problemas com métodos bem estabelecidos. São detalhistas e metódicos. Percebem a informação através dos sentidos. Não gostam de complicações e surpresas. Não apreciam tarefas que não tem conexão com o mundo real. Já os intuitivos preferem descobrir possibilidades e relações. Assimilam a informação através de observação indireta. É especulador e imaginativo, gosta de novidades e se incomodam com a repetição. Sente se confortável com abstrações e formulações matemáticas.
•Recepção da informação:Verbal/Visual.
            O indivíduo visual prefere assimilar a informação por meio de gráficos, diagramas, fotos, mapas e fluxogramas. Por outro lado, os indivíduos verbais sentem-se mais seguros quando a informação está alicerçada no modo escrito ou falado.
•Processamento da informação:Refelexivo/Ativo.
            Os aprendizes ativos gostam do “aprender fazendo”, utilizam experimentos e preferem trabalhar em grupo.Adéquam mais a tarefas práticas e assume o papel de um executor. Participa efetivamente de discussões. Já as pessoas reflexivas preferem o trabalho individual. Elas necessitam de momentos de reflexão para assimilar a informação e levantar as alternativas. São mais teóricos.
•Seqüenciamento da informação: Seqüencial/Global.
            O indivíduo seqüencial tende a aprender de forma linear, focando inicialmente as partes do problema para depois visualizar o todo. Ele prefere seguir manuais e regras pré-estabelecidas. Atém se aos detalhes para explicar o todo. A pessoa global, por outro lado, aprende os conceitos em grandes “saltos”, através de insights que surgem por meio de informações aparentemente desconexas. Precisa conhecer o contexto em que a situação ocorre para então juntar as partes.Sua linha de raciocínio não segue regras e possui uma visão holística.
            Deve –se ressaltar que todas as pessoas usam ambos os pólos de cada dimensão, mas há uma tendência em favorecer um dos extremos. Deste modo, é interessante que o docente ou o interlocutor orquestre sua transmissão de informação utilizando diferentes meios(gráficos, slides, jogos, simulações,filmes) , com o intuito de contemplar os dois pólos das quatro dimensões.
          

 Por fim, aponto aqui o trabalho de pesquisadores da USP de São Carlos, que estuda este tópico. No site  http://www.prod.eesc.usp.br/aprende/empresarial2/
 você pode verificar o seu estilo de aprendizagem. Façam o teste!!!!
Até a próxima!!!!

Fonte:Grupo de Pesquisa Aprendizagem na Engenharia - APRENDE - EESC-USP


   

                                                                                                       

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Prepare sua empresa para a Economia Comportamental

    Para alguns, a economia comportamental é algo deprimente; afinal, muitos dos experimentos que fazemos mostram o ser humano como incapaz de tomar decisões boas. Vários estudos mostram que somos emotivos, míopes e fáceis de confundir e distrair. Ainda assim, a empresa que faz um investimento na experimentação comportamental pode melhorar radicalmente a tomada de decisões e reduzir riscos.
         Empresas interessadas em fazer experimentos comportamentais precisam entender que o processo é demorado e delicado. Muitas vezes, a empresa que resolve descobrir algo sobre os hábitos do consumidor acaba constatando que concebeu a pesquisa de um jeito inválido, e que as conclusões tiradas são incorretas. Para empregar bem a economia comportamental, uma organização inteligente vai contratar gente qualificada da área e realizar pequenos testes que se reforcem mutuamente.
    Uma vez que a consciência da irracionalidade seja parte do tecido organizacional, a abordagem da economia comportamental pode ser aplicada a praticamente toda área da empresa, de governança e relações com funcionários a marketing e atendimento ao cliente. É provável que sua utilidade seja maior em áreas sobre as quais menos se sabe, como a relação entre remuneração e desempenho, risco e recompensa, lealdade e hábitos de consumo e preço e comportamento de compra. À medida que fica mais disposta a questionar suas premissas, a descobrir algo sobre a predileção de seus stakeholders e a compartilhar os resultados de suas descobertas, a empresa sem dúvida se tornará muito mais sábia.

Fonte: Dan Ariely (dandan@duke.edu) é titular da cátedra James B. Duke Professor of Behavioral Economics na Duke University, nos EUA. É autor de Previsivelmente Irracional (Campus, 2008).


sábado, 15 de maio de 2010

Conflitos e os jogos





A Teoria dos Jogos é uma aplicação da lógica matemática no processo de tomada de decisões nos jogos, que é utilizada na economia, política, guerra, enfim estudando os conflitos de interesse e determinando a melhor estratégia para cada jogador. A finalidade é prever os movimentos dos outros jogadores, sendo eles concorrentes ou aliados. Através da teoria os jogadores se posicionam da melhor maneira para se obter o resultado esperado. O objetivo é entender a lógica na hora da decisão e ajudar a responder se é ou não possível ter colaboração entre os jogadores, em qual das circunstancias o mais racional seria não colaborar e quais as estratégias devem ser então adotadas para que se garanta a colaboração dentre os jogadores.

Através da matemática a teoria dos jogos equaciona os conflitos, focando as estratégias que são então utilizadas pelos jogadores.Um movimento estratégico enlaça um compromisso de um indivíduo de uma maneira que haja uma redução de suas próprias opções futuras. Esse movimento estratégico pode não parecer racional fora de um jogo, mas passa a ser racional quando é dada uma resposta esperada do outro jogador. As respostas aleatórias dadas a uma ação do oponente pode não parecer racional, mas desenvolver uma reputação de ser um jogador imprevisível poderia levar a saldos mais altos no longo prazo. Um outro exemplo: pode –se dar descontos a todos os consumidores anteriores se você oferecesse, em algum momento um desconto a algum consumidor, dessa forma a empresa ficaria vulnerável, porem o objetivo de tal movimento estratégico desse tipo seria a sinalização para seus concorrentes, de que você “não” oferecerá descontos e espera então que eles também não ofereçam.

A teoria dos jogos trata de problemas sociais, conflitos e relações. Quando há uma relação entre pessoas interagindo umas com as outras, como numa relação entre vendedor e consumidor, mas na qual cada uma tenha objetivos diferentes, se nós analisarmos estrategicamente a situação estamos usando a teoria dos jogos. A teoria dos jogos estuda as pessoas interagindo umas com as outras e lutando por objetivos diferentes. Então onde houver pessoas interagindo umas com as outras cada uma vai exercer uma força numa direção. A teoria dos jogos tenta explicar como a pessoa pode/deve agir melhor para atingir seu objetivo da melhor forma possível, levando em consideração que a outra parte também luta para atingir o seu objetivo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Neuromarketing de Sopa

Os cientistas da Campbell’s, conhecida marca de sopas e enlatados, passaram dois anos pesquisando mudanças microscópicas na hidratação da pele, no batimento cardíaco e em outros indicadores biométricos para descobrir como as pessoas reagem a todo tipo de coisa, de fotos de tigelas de sopa ao desenho do logotipo. O resultado gerou algumas mudanças significativas no posicionamento de seus produtos e da própria marca, como você pode conferir na imagem acima. Após essas mudanças, a marca descobriu que há possibilidades de impulsionar as suas vendas, o que fará também com que esta tendência seja mais explorada e popularizada.


   Fonte: Marketing de Cozinha

   Postado por Janaina Marques.

domingo, 9 de maio de 2010

Como a neurociência está reciclando a Economia Moderna.

Está comprovado: não existem decisões puramente racionais no mercado financeiro. Ainda que vivam cercados de informação, os investidores sempre acabam agindo por impulso em determinado instante – seja na hora de comprar e vender ativos, seja na maneira de reagir às notícias de última hora. A novidade é que já há um ramo da ciência disposto a tentar desvendar os mecanismos da mente responsáveis por gerar ou guiar essas atitudes. Trata-se da neuroeconomia, um braço da neurociência que busca identificar a relação entre o cérebro dos consumidores e o vaivém da economia. “Os órgãos reguladores da Bolsa e demais mecanismos financeiros gostariam de ter informações sobre o comportamento do investidor para pará-lo antes que aconteça um desastre, por exemplo”, ilustra o professor Marcos Fernandes, do Centro de Estudos da Decisão e Neuroeconomia da Fundação Getúlio Vargas.
A disciplina, diz ele, identifica a variação do consumo de oxigênio do cérebro. Isso mostra quais áreas são ativadas em determinadas situações, o que ajuda a saber se as decisões tomadas têm maior ou menor carga emocional. De acordo com o professor Fernandes, algumas descobertas sobre o cérebro corroboram a teoria da economia moderna – que se baseia no estudo das “escolhas racionais” dos agentes econômicos. Outras, no entanto, já contestam essa linha de pensamento. “Já se sabe que as decisões nunca são meramente racionais, como previam os economistas. Na verdade, eles são mais ou menos racionais”, ressalta ele.
Entretanto, diz Fernandes, não será com o simples mapeamento das sinapses de investidores que os cientistas conseguirão prever os ciclos de alta e baixa do mercado. “Existe um elemento no cérebro que limita o estudo do próprio órgão”, confessa.

Postado por Valérika Ester de Vargas.




sexta-feira, 7 de maio de 2010

Decisões, Incerteza e o Cérebro

As aranhas e as formigas estão longe de ser mestres da matemática ou magos das probabilidades. No entanto, elas comportam-se tal como os modelos económicos da satisfação [satisficing] tipicamente predizem. Elas fazem-no na procura de comida, de acasalamento, de segurança do lugar para descansar, e por aí fora. Resumidamente, a modelação econômica mostra que criaturas muito estúpidas podem fazer coisas muito espertas, não pensando nelas coisas tal como faria um teórico da decisão, mas precisamente como resultado de milhões de anos de estratégias ao acaso que levaram algumas espécies a adquirir uma boa probabilidade de ficar por cá, pelo menos durante mais uma geração - supondo que o mundo se mantém mais ou menos estável durante a existência dessa geração.
          Os neurônios do cérebro também são, cada um deles, bastante estúpidos. Mas séculos de evolução conduziram-nos a respostas probabilísticas para que, em conjunto, criem estratégias para manter todo o organismo intacto durante mais uma geração (continuando a supor que o mundo se mantém mais ou menos estável durante a esse tempo). Para Glimcher, os modelos econométricos são tão precisos como qualquer coisa que se possa imaginar para mostrar que bilhões de neurônios estúpidos podem agir em conjunto para aumentar a probabilidade de que o sistema - o animal - utilize avisadamente os seus recursos para garantir a sua permanência no mundo durante mais algum tempo.


Recensão de Paul A. Wagner ao livro
"
Decisions, Uncertainty, and the Brain:
The Science of Neuroeconomics
"
de Paul W. Glimcher
MIT Press, 2003.


Postado por Juliana Angélica.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Redes Neurais Artificiais

No post de hoje vamos abordar as principais  características e aplicações das Redes Neurais Artificiais. Os trabalhos conjuntos entre matemáticos e neurocientistas alicerçaram as bases desta subárea da Inteligência artificial. O objetivo era imitar o comportamento do cérebro humano e fazer com que o computador realizasse tarefas que os humanos ainda realizam de modo mais eficaz.

Por William Yonenaga


De um modo geral, a abordagem tradicional da computação é adequada para tarefas em que há um algoritmo bem estruturado a seguir. Funções como ordenar uma lista, fazer buscas, realizar cálculos complexos podem ser feitas utilizando-se o enfoque tradicional.Por outro lado, as redes neurais artificiais foram desenvolvidas para lidar com tarefas que envolvam aprendizado e generalização.
Analisem a seguinte questão: Como nós, humanos, aprendemos sobre determinada tarefa, como ler, reconhecer um padrão? Uma das premissas apontadas por pesquisadores é que nós aprendemos “por exemplos”. Com o auxílio de um “professor”, que nos apresenta a saída referente a determinada entrada, somos treinados com diversos padrões e, após um período de treinamento satisfatório, temos condições de generalizar e apontar a resposta certa para entradas diferentes. No processo de alfabetização, por exemplo, somos apresentados às entradas(formatos das letras) com as saídas (sons das letras). A partir da associação entre tais entradas e saídas, moldamos nossa rede neural e após o treinamento, conseguimos distinguir as letras, inclusive com diferentes caligrafias. Da mesma forma, como um médico realiza um diagnóstico?Pode-se considerar que, a partir de inúmeros casos vistos durante a faculdade e no dia a dia, ele foi associando as variáveis de entrada(sintomas) com as variáveis de saída(tipo de doença). E é justamente sobre este aprendizado que as redes neurais artificiais se baseiam. Através dos exemplos apresentados à rede, ela ajusta os pesos das conexões, encapsulando o conhecimento nestas conexões. 
A estrutura de redes neurais mais comum é a ilustrada abaixo:



Na camada de entrada são apresentadas as variáveis relevantes e na camada de saída é apontada a resposta desejada(o usuário define a quantidade de neurônios em cada camada).Deve se apresentar vários padrões(pares entrada-saída) e em cada iteração os pesos das conexões são atualizadas.Analogamente,nós não aprendemos uma aptidão treinando-se somente uma vez, correto? A partir de um certo número de treinamento, a rede estará apta a reconhecer padrões desconhecidos com um alto índice de acerto. Assim, como nós, depois de alfabetizados(treinados), conseguimos ler sem dificuldade.

Redes Neurais na economia.

Diversos trabalhos que envolvem as redes neurais artificiais com a economia tem sido publicados. Dentre eles, pode-se citar:
- Previsão de séries temporais(cotação de moedas, preço de commodities, preço de ações).
- Análise de Crédito.
-Solvência de empresas.
Os artigos abaixo relacionados esclarecem algumas destas aplicações.

Finalizando, a motivação principal das redes neurais é codificar o conhecimento de um especialista humano em uma estrutura computacional. Deste modo, o sistema treinado pode ser utilizado como ferramenta de tomada de decisão, capaz de generalizar a melhor escolha para padrões (fatos) desconhecidos. As redes neurais constituem um conceito consagrado, estruturado. Cabe a nós, usuários, identificar uma aplicação, reunir os dados e as variáveis relevantes do problema, treinar a rede e verificar o seu desempenho. Portanto, economistas, tai uma ferramenta útil que pode ser utilizado em diversos pontos da economia.    

sábado, 1 de maio de 2010

Jogo da Confiança

Um grupo de pesquisadores suíços liderado por Ernst Fehr fez um experimento — hoje conhecido como o “jogo da confiança com vingança” — que revela muito sobre o que leva alguém a querer dar o troco. O jogo funciona assim: você e um parceiro anônimo recebem R$ 10 cada um. Você começa — ou seja, precisa optar entre ficar com o dinheiro ou dá-lo a seu parceiro. Se resolver embolsá-lo, cada um recebe R$ 10 e o jogo acaba. Se mandá-lo ao outro, os organizadores do jogo quadruplicam a quantia. Resultado? Seu parceiro fica com R$ 50. A pergunta, óbvia, é a seguinte: por que você abriria mão dos R$ 10 para começo de conversa? A resposta é que acredita que dá para confiar no parceiro, que fará a jogada seguinte. No caso, essa pessoa pode optar por ficar com os R$ 50 — e deixá-lo com nada — ou devolver R$ 25 a você, para que os dois dividam igualmente o butim.
Se agisse de forma racional, pensando no próprio interesse, seu parceiro jamais lhe daria os R$ 25. Ciente disso, e agindo de forma igualmente racional, você não lhe enviaria os R$ 10 lá do início. Ou seja, não faria nada — e fim de conversa. A boa notícia é que as pessoas exibem mais confiança e mais capacidade de retribuir do que a teoria econômica convencional nos levaria a crer. No experimento, muita gente passou à frente os R$ 10, e muitos outros retribuíram devolvendo R$ 25 ao parceiro.
Mas o jogo suíço não acabou ali. Se o parceiro resolvesse embolsar os R$ 50, você teria a oportunidade, na fase seguinte do jogo, de usar parte do próprio dinheiro para puni-lo. Para cada real que gastasse, aquele parceiro ganancioso perderia dois. Logo, se decidisse gastar R$ 25, o parceiro perderia tudo o que ganhara. Seria de supor que alguém que tivesse acabado de perder dinheiro relutasse em perder ainda mais só para “dar o troco”. Neste momento, no conforto de sua poltrona, o leitor talvez não entenda esse sentimento. Mas a maioria das pessoas a quem foi dada a oportunidade aplicou um pesado castigo ao parceiro mesquinho.
Essa descoberta não foi a parte mais interessante do estudo, no entanto. Enquanto os participantes tomavam uma decisão, seu cérebro estava sendo examinado com a ajuda da tomografia por emissão de pósitrons (PET). Foi observada atividade no estriato, a parte do cérebro associada à sensação de recompensa. Em outras palavras, a decisão de punir um parceiro ganancioso parecia estar ligada a uma sensação de prazer. Além disso, quanto maior a atividade observada no estriato, maior o castigo aplicado ao parceiro. Isso sugere que o desejo de vingança, ainda que nos custe algo e seja totalmente irracional (a pessoa não tinha ideia de quem era o parceiro e nunca voltaria a encontrá-lo), tem raízes biológicas.

Dan Ariely (dandan@duke.edu) é titular da cátedra James B. Duke Professor of Behavioral conomics na Duke University, nos EUA. É autor de Previsivelmente Irracional (Campus, 2008).



Por Érika Palma