terça-feira, 27 de abril de 2010

Nobel, Orkut e você.




Na primeira semana de um curso de introdução a economia, o professor se esforça para convencer os novos alunos da importância em estudar os princípios da economia (nem sempre consegue). Um dos primeiros assuntos abordados, talvez o mais fundamental, é a necessidade de fazer escolhas. É omitido que fazer escolha não é algo tão trivial quanto se imagina. Diversos fatores influenciam a capacidade de uma pessoa em escolher a melhor opção possível. Gosto de destacar a racionalidade, as opções existentes, a busca pela maximização do bem estar do Homo Economicus(SIC),  mas nesse post vou destacar aquilo que considero o fator mais instigante, a assimetria de informação.
Alguém mais cético assim como eu poderia indagar, o que o estudo sobre transmissão de informação tem haver com a Economia?? Afinal esses senhores engravatados sempre e apenas falam sobre  Bolsa, inflação e compras nos telejornais. Entretanto o pontapé inicial desse novo jogo começou na década de 70 com os trabalhos do professor George A. Arkellof, que teve como marco o artigo “ The market for lemons: quality uncertainty and the market mechanism”. O futuro prêmio Nobel questionou um dos pressupostos fundamentais da economia, o de que os agentes econômicos tomam suas decisões com informações completas sobre as variáveis que lhe interessam. O artigo descreve um mercado onde um comprador de carros ao tentar adquirir um veiculo usado, se depara com um problema informacional, pois no mundo real apenas quem sabe a qualidade do produto oferecido é o vendedor. Esse aparente, simples problema traz consigo distorções para o bom funcionamento do mercado, criando desincentivos para os ofertantes de bons produtos e para os compradores que não conseguem precificar da melhor forma suas possíveis aquisições. Esse problema é o que os economistas chamam de assimetria de informação.
Se livrar desse problema pode ser um tanto trabalhoso e custoso. Uma das formas mais utilizadas, foi desenvolvida pelo economista Michael Spence no artigo Market Signaling , e é chamada de sinalização de mercado( eu prefiro chamar de mecanismo de sinalização). A idéia é bem simples: em mercados com problema de assimetria de informação, os vendedores tendem a enviar sinais que transmitem um conjunto de informações para os compradores. Selos de qualidade, diplomas, referências dentre muitos outros são alguns exemplos desse mecanismo de sinalização.
Esse melhor nível informacional possibilita os agentes econômicos, dentro das suas limitações racionais, a buscarem as melhores escolhas. Um dos exemplos que utilizo para explicar a assimetria de informação é o mercado de relacionamentos. Esse mercado é marcado pelo alto grau de assimetria, as pessoas gastam boa parte dos primeiros contatos tentando extrair informações sobre a personalidade do candidato (a), com o objetivo de “precificar” da melhor forma possível  o seu alvo. Do outro lado muita energia é despendida na transmissão de informações, na tentativa de causar uma boa impressão e melhorar a situação nesse mercado extremamente concorrido.  Agências de matrimonio, amigos, agências de Blinding date são tentativas de reduzir esses custos de informação, entretanto nada se compara as redes sociais surgidas na ultima década. O acesso a informações em tempo real possibilitou a redução do custo de buscar e triar informações.  Hoje em dia se você conseguiu encontrar sua alma gêmea.

Por: Feliciano Azuaga.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Boatos na Economia.

Uma análise do livro "A verdade sobre os boatos" de Cass R. Sunstein.




A todo momento notícias chegam até nós, algumas nos convencem, outras nem tanto, umas nos chocam, outras nos indignam, algumas transmitem o sentimento de felicidade, já outras nos deixam apreensivos. Algo que gostamos mais do que ouvir notícias ou fofocas é transmití-las.
Cass R. Sunstein em seu livro "A verdade sobre os boatos" denomina essas notícias ou fofocas de "boatos". Os boatos são freqüentes nas nossas vidas, sejam de ordem pessoal, profissional, sobre pessoas anônimas e na maioria dos casos sobre pessoas famosas, sem contar nos boatos que palpitam o destino da Economia, da Política e do mundo todo.
Em quase sua totalidade, o boato tem fundamento no senso comum e na tendência de o indivíduo ter a necessidade de certificar suas concepções.
No decorrer de todo o seu texto, Sunstein distingue os tipos de disseminação de boatos, como eles se criam, como são destruídos, de que modo afeta quem está no "olho" deste furacão.
Geralmente os boatos são criados com o intuito de denegrir a imagem de alguém ou de atribuir um caráter pessimista a algum fenômeno ou situação, em vista que quanto mais chocante o boato mais ele é difundido com base no interesse das pessoas em assuntos que possam sofrer algum tipo de sanção social ou até mesmo que afirmem suas aversões a determinadas pessoas públicas, conceitos, modo de vida e etc.
Mas o que os boatos têm a ver com a Economia? Tem a ver que as relações econômicas se dão por base da confiança dos indivíduos. Ninguém vai comprar ação de uma determinada empresa se não confia na sua possível ascensão e para explicar o efeito do boato na Economia podemos seguir nesse exemplo: suponhamos que a empresa A está vendendo suas ações na bolsa de valores assim como a empresa B, porém a empresa A está em crescente desenvolvimento, já a empresa B estagnou-se no seu desenvolvimento. Naturalmente a vontade que a empresa B possui de que a empresa A perca espaço no mercado para poder promover sua ascensão é muito grande, portanto já se esgotaram os mecanismos para que isso aconteça, resta apenas o boato. Agindo de má fé, obviamente, a empresa B pode disseminar um boato em relação a empresa A, onde esse boato não precisa ser falso, ele pode ser uma verdade distorcida onde com a manipulação de fragmentos de falas e dados o boato pode ser difundido com muita facilidade, pois este não tem excelência apenas sendo inventado sem ao menos ter algo que o "prove", sendo este manipulado ou não, desta forma a empresa B pode conseguir o que queria e tomar o espaço da empresa A e mesmo que a empresa A venha a apresentar a verdade efetiva, o boato já se fortificou através daqueles que tinham algo insignificante contra a empresa A e que sendo apresentados a essa verdade distorcida consolidaram sua aversão a mesma.
Essa exemplificação serviu apenas para transmitir uma ideia do que acontece ao longo do livro, Sunstein escreve de maneira clara, objetiva e instigante sobre os boatos não só na Economia, mas na Política e em outros cenários, literatura recomendadíssima.

Por Janaina Marques.


P.s.: Exemplo de combate contra boatos é o site que foi criado para combater difamações em relação ao candidato a presidência dos Estados Unidos em 2008, Barack Obama: http://fightthesmears.com/ e o vídeo falando sobre: http://www.youtube.com/watch?v=LcNqRuyl4k4


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Apostar no comportamento humano pode ser a chave do sucesso para as empresas


Plantar a semente em pessoas que desejem mudanças e estejam insatisfeitas com a forma tradicional de trabalho, e motivá-las a trilhar outros caminhos, pode ser o caminho mais curto para o melhor desempenho de cada profissional.



No modelo tradicional de gestão por comando e controle, o qual é praticado pela maioria das organizações, há pouca abertura para a inspiração, inovação e comprometimento por parte dos colaboradores. Muitos acreditam ser apenas 'massa de manobra' para gerar lucros aos superiores e acionistas.
Quanto aos líderes, em geral, não conseguem cativar os liderados, pois apenas comandam em vez de liderarem suas equipes. Essas atitudes causam efeitos devastadores nas relações profissionais. Colaboradores atuam desmotivados e ausentes. Não geram os resultados os quais são capazes de atingir e não contribuem com ideias que poderiam ser transformadas em progresso à empresa.
Para Tatsumi Roberto Ebina, sócio-diretor e fundador da Muttare, consultoria de gestão, "a departamentalização serve bem mais como fonte de vaidade e conflito do que de cooperação e sinergia. A hierarquia estimula a competitividade predatória pelos cargos e impedem a franqueza e transparência nas relações interpessoais em prol do cliente. Enquanto os problemas críticos são ocultados ou transferidos para os gestores".
O consultor acredita que "a base da nova estrutura administrativa está na valorização e aproveitamento do potencial do profissional. Afinal, do que vale investimentos em treinamentos técnicos, capacitação de pessoal, plano de carreira, plano de salário, entre outros processos administrativos se não há dentro da empresa ações legitimadas pelos colaboradores, tampouco líderes inspiradores que contribuam efetivamente para fazer com que todo o potencial humano seja colocado à disposição da empresa, assegurar um clima organizacional saudável e resultados mais permanentes?".
Muitas empresas multinacionais que resolveram mudar o clássico modelo de 'comando e controle' obtiveram sucesso no desempenho de suas equipes, entre elas: Handelsbanken (Banco Suécia), Aldi (Varejo Alemanha), AES (Energia USA), SEMCO (Serviços – Brasil), Toyota (Automotiva Japão), Gore (Indústria USA), Egon Zehnder (Consultoria Suiça), Guardian (Indústria USA), Ahlsell (Varejo Suiça) e Dell (USA).
Plantar a semente em pessoas que desejem mudanças e estejam insatisfeitas com a forma tradicional de trabalho, e motivá-las a trilhar outros caminhos, pode ser o caminho mais curto para o melhor desempenho de cada profissional. "Ao iniciar o trabalho de consultoria é feito 'manifesto de mudanças', o qual todos colaboradores aceitam discutir descentralização de gestão, formação de equipes, entre outros fatores, a fim de resolver conflitos e buscar soluções. Tudo isso para, juntos, fazerem a empresa e seus colaboradores crescerem", finaliza Ebina.