domingo, 20 de junho de 2010

Sorte no amor, azar nas contas

Mulheres erram ao sacrificar as finanças pelas emoções

Por Juliana Garçon

Você prefere ser rica ou “boazinha”? Ser “boazinha” é típico de mulheres do mundo todo. E, justamente por isso, ser rica é atípico das mulheres em boa parte do globo.
Essa contraposição é enfocada pela consultora Lois Frankel no livro “Mulheres boazinhas não enriquecem”, publicado no país pela editora Gente. Apoiada em sua experiência na área de RH e no doutorado em psicologia, ela vem fazendo diagnósticos da conduta das mulheres não só nas finanças pessoais, mas também nos negócios e na gestão de pessoas.
Boazinha” não quer dizer que as mulheres são perfeitas. Lois Frankel argumenta que, muito mais do que os garotos, as meninas são educadas para a colaboração e o altruísmo. Para serem elogiados pelos pais, eles competem entre si. Elas se dedicam aos outros _irmãozinho, avós_ e à casa.
Aqui no Brasil, a psicoterapeuta Valéria Meirelles, que é responsável pelos programas de educação financeira da consultoria Tacc Developing Potentials, também chama a atenção para os “tabus financeiros” com que convivemos. No consultório e na pesquisa de doutorado sobre valor do dinheiro para a mulher, ela verificou a dificuldade em separar o dinheiro “próprio” do dinheiro “para a família”.
A mulher, explica, sente-se mal em guardar dinheiro para si, para seu futuro, quando poderia usá-lo com a família _filhos, pais, marido, tios e por aí vai_ ou com a casa. Precisa entender que não está traindo as pessoas queridas ao fazer uma poupança previdenciária, por exemplo.
De volta às “mulheres boazinhas” de Frankel, a educação das meninas e moças também tende menos para a ambição e mais para o conformismo. Somos ensinadas a nos contentar com pouco, o mínimo para a sobrevivência.
Ora, basta pensar nas representações do ideal feminino, como as heroínas de histórias infantis e contos de fada. São prestativas, cuidadosas, carinhosas e até abnegadas. “Mulheres boazinhas não enriquecem em grande parte por causa das mensagens sociais que recebem quando estão crescendo”, diz Frankel. “Somos criadas para cuidar dos outros e gastar nosso dinheiro com os filhos e a casa.”
Já complicada, essa equação ainda tem um agravante. Além de serem boazinhas, as mulheres sofrem de um mal que também faz vítimas entre os homens. Trata-se da visão de curto prazo. “A gente só vive uma vez!” é a senha para o imediatismo e, claro, o consumo sem planejamento. “O gasto emocional é um remédio de curto prazo para um problema de longo prazo”, diz a autora, ressaltando que as compras podem virar válvulas de escape para as tensões.
Por isso, ela aconselha que, antes de passar o cartão ou o cheque, a gente pense se necessita realmente do produto ou, na realidade, está em busca de alívio para as emoções. E fique atenta: dentre as pessoas que têm problemas com dinheiro, um quarto precisa de terapia, estima a autora. (Mas eu não sei de onde ela tirou essa projeção!).
Para quem se interessou pela abordagem de Lois Frankel, vale a pena saber que ela também tem mais duas obras sobre o nosso jeito de agir: “Mulheres ousadas chegam mais $longe” e “Mulheres lideram melhor que homens”, também publicados pela editora Gente. Porém, em comentários das leitoras, frequentemente aparece certa frustração com a impossibilidade de aplicar na prática tudo que é apresentado. Acontece que parte das considerações de Frankel, que vive nos EUA, não faz muito sentido na realidade brasileira.


Com reportagem de Juliana Conte
http://www.bmfbovespa.com.br/mulheres/noticias/CP100521NotA.asp

Um comentário:

  1. Os seres humanos não se baseiam apenas em premissas racionais, e homens e mulheres, obviamente, são diferentes em muitos aspectos.

    Nada mais natural, portanto, que buscar abordagens diferentes para os dois, como faz o texto!

    Parabéns pelo blog e um grande abraço!

    Raul Ramos
    http://twitter.com/raulramos11
    http://axiomasfinanceiros.blogspot.com/

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