sexta-feira, 18 de junho de 2010

O poder do grupo

Por Flavia Possas, especialista em Economia Comportamental

É muito comum ouvirmos falar do poder da influência do grupo em nossas decisões, ou do chamado “efeito manada” que muitas vezes leva os investidores a agirem de maneira irracional e impensada por seguirem o que a maioria está fazendo. Esse tipo de comportamento tem um papel fundamental na formação de bolhas e na criação de momentos de exuberância do mercado, e é um dos fenômenos psicológicos mais estudados no campo das finanças. Todavia, apesar deste ser um fato amplamente reconhecido, a maioria das pessoas acredita estar imune a esse tipo de influência, achando que isso não afeta suas decisões de investimento.
É importante chamar atenção para o fato de que essa influência social é muito mais dominante do que imaginamos a princípio. E isso afeta a todos nós, uma vez que esse tipo de comportamento está profundamente arraigado em nosso cérebro. Não tomamos necessariamente uma decisão consciente de nos conformarmos e seguirmos a maioria: isso acontece na maior parte das vezes de maneira automática e inconsciente. Inúmeros experimentos mostram que pessoas tomam decisões diferentes se estão sozinhas ou em grupo. E o que é pior: quando a maioria escolhe a opção errada, e o participante deve tomar sua decisão após observar as escolhas erradas dos outros, ele tem uma chance muito maior de errar. Em um estudo de  neuroeconomia, quando os participantes tomaram a decisão em isolamento, 84% fizeram a escolha certa. Quando a decisão foi tomada na presença de outras quatro pessoas (que escolheram a opção errada propositalmente), a taxa de acertos caiu para 59%.
Para complicar a situação, scans cerebrais mostram que, quando uma pessoa decide ir contra o grupo (ou seja, faz uma escolha contrária ao que o resto escolheu), isso ativa as mesmas áreas do cérebro que respondem à dor física. Em outras palavras, ir contra o grupo realmente “dói”. Por isso, tenha em mente que a influência da massa é muito mais poderosa do que você imagina, e procure sempre embasar suas decisões de investimento em fatos, análises e informações ao invés de cegamente seguir o que todo mundo está fazendo.

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